sábado, 10 de abril de 2010

Narcisismo inverso

Gosto de ser feia, de espantar gente bonita, sinto pena nos saudáveis. As faces coradas e cabelos mui sedosos me irritam.
Minha estranheza vela uma essência podre. A parte secreta que nem eu conheço tomba para os extremos do sagrado ou profano, nunca neutra. Apesar de não saber em qual ponto paira meu eu, estou certa de que não estou no meio. Não creio em equilíbrio.
No meu rosto vulgar estão os medos do mundo inteiro. Conheço todos os sonhos, mas não possuo nenhum, desvendei tanta gente e descobri pouco sobre o que interessa: Eu.
Sou feia porque desaprendi a amar, porque perdi a fé nos homens, porque não acredito em Deus. Sou feia, não morreria por minha pátria, não luto por nenhuma ideologia e acho gente cristã babaca.
Sou feia, minha vida se resume a noites agitadas,dias preguiçosos, fumaça e embriaguez. O tempo se arrasta, e tudo que tento agarrar, corre! Todos que amei foram embora, se tornaram bonitos demais pra ficarem perto, eu não suporto beleza.
Por isso soul só, e só sou quando me vejo no espelho, quebrado.