quarta-feira, 27 de abril de 2011

Nan Goldin

Tenho a impressão de que a primeira vez que vemos Nan Goldin algo muda dentro de nós. Parece exagero, mas no meu caso a primeira foto que vi foi essa:


Jimmy Paulette after the parade, NYC, 1991

E lembro de ter ficado embasbacada, sem saber explicar o que achava de tão lindo. Quanto mais pesquisava sobre essa fotográfa, mais admirada ficava. Hoje encontrei umas fotografias que revelei (ops) para um trabalho na faculdade e entendi melhor o que Nan Goldin estava dizendo, e como aquelas pessoas das fotografias de alguma forma se relacionavam comigo.








Minha personagem favorita, Valerie




e a foto preferida:






Todo mundo tem um filme, um livro, uma música pra chamar de "sua" (ainda que não seja) e minha fotográfa com certeza é Nan Goldin.
Hoje sinto inveja ao ver o sono tranquilo dos meus pais.
"Nós escrevemos livros porque nossos filhos se desinteressam de nós. Nós nos dirigimos ao mundo anônimo porque nossa mulher tapa os ouvidos quando falamos com ela.
Vocês irão replicar que, no caso do chofer de táxi, trata-se de um grafomaníaco e de modo algum de um escritor. Portanto, para começar, é necessário precisar os conceitos. Uma mulher que escreve quatro cartas por dia para o seu amante não é uma grafomaníaca. É uma apaixonada. Mas meu amigo que tira fotocópias de sua corresnpodência amorosa para poder publicá-las um dia é um grafomaníaco. A grafomania não é o desejo de escrever cartas, diários íntimos, crônicas familiares, mas de escrever livros (portanto, ter um público de leitores desconhecidos). Nesse sentido, a paixão do chofer de táxi e a de Goethe são a mesma. O que distingue Goethe do chofer de táxi não é uma paixão diferente, mas o resultado diferente da paixão.
(...)
O isolamento geral engendra a grafomania, e a grafomania generalizada reforça e agrava, por sua vez, o isolamento. A invenção do prelo no passado permitiu aos homens compreenderem-se mutuamente. Na era da grafomania universal, o fato de escrever livros adquire um sentindo oposto: cada um se cerca de suas próprias palavras como de um muro de espelhos que não deixa passar nenhuma voz de fora."


Milan Kundera - O Livro do Riso e do Esquecimento.

Um amigo me indicou esse livro, e agora está entre os meus favoritos.