segunda-feira, 27 de abril de 2009

Alice

Os olhos grandes e redondos de quem está constantemente espantado,
As mãos de formas quase encantadoras, levemente calejadas,
Os cabelos tingidos com tinta barata lutavam para esconder a idade expressa nos olhos.

Fé cega sustentada pela Santa Ignorância e,
Um abismo foi criado pouco a pouco afim de separá-la desse mundo.
E lá está Alice, em sua realidade
na mais particular das versões reais da vida.

Do outro lado, eu.

No mundo de Alice os milagres acontecem e os problemas tem fáceis soluções.
Alice morreu para o mundo e nasceu para o homem
que carregava a verdade debaixo do braço, bem no sovaco.

Alice sentou-se na beira do abismo
cavado pelos missionários da Palavra
Cantou num desafinado clamor à piedade de Deus
Comeu do pão que cura e bebeu do sangue que liberta,
o pão que o Homem amassou, o sangue que o Homem derramou
Ficou cega, então o Senhor respondeu
Alice ainda ouvia e dava graças por isso
Gritou pelo Criador
Ele a chamou
-Vem Alice...

Alice mergulhou no abismo

E eu disse:
-Adeus Mãe!

Um comentário:

Ludmilla Cardoso de Oliveira disse...

Nossa amiga, pirei pra esse texto, LINDO LINDO LINDO!! :)