sexta-feira, 24 de abril de 2009

Soluções baratas me são um tanto quanto sedutoras. A morte me parece melhor que todas, a mais fácil, rápida e certa. Afinal entre morrer e comprar um cachorro a primeira opção é poupar esforços com a segunda, já que eu vou acabar morrendo e o cachorro também.Mas tentar morrer e não conseguir é pior que continuar vivendo pois é muito infeliz tentar tirar a própria vida e nem isso conseguir. Não creio que seja privar-se das emoções e das surpresas da vida, é apenas tomar tudo num gole. O cheiro da morte e o gosto dela são extremamente agradáveis.Não ter que conviver com gente, gente me cansa, me deixa preguiçosa e seriamente magoada. Gente me aponta e fala de mim, eu também falo da gente, porque gente é uma merda.Relacionar-me com pessoas foi sempre um grande problema, em dado momento dos relacionamentos acabo expulsando a gente toda. Sequer consigo manter firmes os laços que supostamente se desenvolveram das convivências, a gente começa a ficar chata, mandar em mim, querer saber e pronto, já me irritei. Nem sei mais se gosto de pouca gente, estou começando achar que não gosto é de gente nenhuma.Cuidado com o julgamento, pois não me agrada a idéia de matar os outros, de forma alguma sou assassina, mas morrer sozinha é um convite tentador, um acidente seria delicioso, andar despreocupada pela rua e de repente um carro passar em cima de mim, vou morrer num susto e nem vai doer. Ou quem sabe uma bala perdida, na fila do banco pagando as dívidas e um ladrão dá tiros e um me acerta. O problema é: se eu não morrer e ficar sequelada? Vou acabar dependendo dessa gente toda.O suícidio é bonito, privar as pessoas das mágoas que causarei e que elas causarão a mim, priva-las dos diálogos exaustivos e privar a minha mente cansada, talvez a única forma que um ser tão emotivo tenha de externar o amor pelo próximo, por toda essa gente. Mas se falhar, se não tomar pílulas suficientes, se amarelar na hora de atirar na cabeça, ou pular de um lugar não tão alto, não vai valer a humilhação da gente cuidando de mim, me aconselhando e declarando o amor divino na minha vida.Morrer ou não morrer, eis a questão.Deveria ter sido essa a frase de Shakespeare, ou melhor, morrer agora ou esperar conquistar muitas coisas e morrer? Todas as certezas cultivadas em vida são vãs, com exessão da morte, por isso a pobrezinha é endiabrada, enfeiada, as pessoas tem medo do que sabem que vai acontecer, mas eu não sou assim, gosto de saber, de ter uma certeza!Vai que Jesus desce e não me deixa morrer?! Quero gritar bem alto ME DEIXE MORRER, porque viver me cansa, me deixa fadigada. Abrir a boca e ver olhos espantados ao redor vai cansando, só é bom no começo, logo cansa, e cansa muito.Sentir que estou ultrapassando os limites já não é suficiente, acho que ultrapassei tudo que me limitava, a única coisa que me prende mesmo é viver. Fui largando aqueles conceitos defasados, jogando fora a historinha da moral, esquecendo o que era ética, fazendo o que me apetecia e usando o gerundio exaustivamente. De repente não consigo mais ver as linhas, as barreiras, o que resta a uma pessoa nesse estágio? A morte, oras, o limite máximo da vida, o único que se for ultrapassado uma vez não se pode voltar, ou pode?Quero ser uma formiga na próxima vida.

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